Cervejas Especiais: Veja 11 Rótulos Indicados por Cervejeiros Produtores de Conteúdo

Dez Frutas Brasileiras, Acidez e Refrescância em um Copo de Cerveja

Estou tipo Carmen Miranda com a Acid Trip, rótulo que inclui acidez e diversidade de frutas. Yes, não temos banana, mas a Catharina Sour, da St. Patrick’s Beer, leva outras dez frutas que foram muito bem equilibradas na cerveja: cajá, caju, graviola, jabuticaba, melancia, manga, maracujá, morango, pitanga e umbu. Ufa!

Ela foi criada especialmente para o Mondial de La Bière Rio 2019, quando a bebi pela primeira vez e tive uma ótima viagem sensorial! Da acidez bem evidente à refrescância extrema, passando pelo amargor moderado e corpo baixo, a Acid Trip se revela ideal para os dias quentes e propícia a combinações que são odes à gastronomia. Ela acompanha bem carnes e comidas gordurosas, já que a acidez contribui para assear o palato.

E lembra do Mondial de La Bière mencionado ali em cima? A cerveja levou a medalha de ouro do festival! Está vendo que não é à toa que a Acid Trip tem o meu favoritismo?

Cerveja com 32 medalhas! Já imaginou a excelência deste rótulo?

Ao receber o convite para participar deste artigo, imediatamente escolhi a Altbier, da Cervejaria Bamberg. Este exemplar do estilo é um primor, seguindo fielmente a cerveja de Düsseldorf e sua clássica receita. Não basta dizer que a Bamberg Alt já acumula 32 medalhas em prêmios nacionais e internacionais, sendo 11 medalhas de ouro brilhante. Brilhante também é sua aparência acobreada, com espuma branca e bem formada. 

Uma cerveja de alta fermentação, raridade na escola Alemã, ela chega ao nariz com forte aroma de casca de pão, proveniente dos maltes, e também um floral delicioso. Destaque para a forte presença de lúpulo. Harmoniza perfeitamente com paleta de cordeiro. 

Existe uma rixa secular entre Altbier e a Kolsch (Ale da cidade de Colônia). Se acontecesse um plebiscito, meu voto certamente iria para a Altbier. Não deixe de experimentar essa maravilha!

Cerveja Refrescante, com Adição de Cascas de Laranja e Sementes de Coentro

Gosto muito desta cerveja! Uma das coisas bem legais é que conseguimos encontrar em vários supermercados, além do seu valor ser bem acessível. A Hoegaarden Witbier é uma cerveja refrescante e leve. Em Flamenco, Witbier significa cerveja branca. Sua coloração se dá pela adição do trigo, que causa turbidez, deixando ela pálida. 

Tem adição de cascas de laranja e sementes de coentro. As casquinhas da laranja dão muita refrescância no estilo e as sementes de coentro, por sua vez, uma picância super interessante. 

No aroma, tem um floral / frutado que nos causa muita curiosidade. Vale a pena degustar essa cerveja, uma ótima porta de entrada para quem ainda não conhece ou não entende muito sobre cervejas.

Refrescante e Frutada

A minha relação com a cervejaria americana Lagunitas é antiga, desde 2009, quando comecei a escrever sobre cervejas artesanais. Acompanhava muito o mercado americano e a Lagunitas sempre era mencionada em matérias de sites, blogs e revistas. Só consegui provar a Lagunitas IPA pela primeira vez em 2011. 

Em uma cerveja do estilo American India Pale Ale (também conhecida como American IPA), o que se espera basicamente é um amargor evidente no final do gole e um perfil cítrico, com frutas amarelas e tropicais do lúpulo utilizado na receita. E esse foi exatamente o que senti tomando a Lagunitas IPA. 

Desde 2019 ela está sendo produzida no Brasil, ou seja, o acesso ficou muito fácil e com um produto super fresco! De corpo leve e extremamente refrescante, a Lagunitas IPA é uma cerveja que sempre tenho em casa!

Como uma Excelente Cerveja Deve Ser

A Cerveja EverBrew Double Maine é uma cerveja do estilo New England IPA, um estilo Americano que vem ganhando muitos fãs aqui no Brasil e se tornando um dos estilos mais produzidos nas cervejarias artesanais.

Para quem ainda não conhece o estilo, ao vê-la no copo pode estranhar a sua aparência, um amarelo alaranjado bem turvo e com um aspecto sedoso e bem encorpado. Essas características aparecem principalmente pelo uso de aveia na receita.

Antes de levá-la para a boca, é inexplicável a quantidade de sensações aromáticas que ela proporciona. Começa com um cítrico que lembra muito maracujá, casca de laranja e depois vem um frutado que lembra frutas amarelas como manga, pêssego e abacaxi. 

O sabor confirma o aroma, mas aqui é onde a cerveja mostra algumas das suas principais características: textura sedosa, cremosa e aveludada. Essa é sem dúvidas uma das minhas cervejas favoritas!

Recomendada aos Apreciadores de Cervejas Inglesas e Fãs de Iron Maiden

Produzida pela cervejaria Robinsons em parceria com o Bruce Dickinson, multifacetado vocalista do Iron Maiden, a Trooper foi a primeira cerveja da banda, que hoje conta com 10 rótulos. De coloração acobreada, esta Special Bitter apresenta aroma maltado de caramelo, além de notas terrosas, herbais e condimentadas, típicas dos lúpulos ingleses, com sutil cítrico do lúpulo americano utilizado na receita. 

No paladar, o amargor se destaca, mas é bem equilibrado, com final picante e apenas 4,7% ABV. Uma cerveja levemente encorpada, refrescante e com muita personalidade!

Desde 2013, quando foi lançada, degustei algumas vezes nas versões em garrafa e lata. Mas confesso que prefiro a garrafa, pela tampa, que vem estampada com o Eddie, icônico mascote do Iron. Entre as diferentes versões da tampinha, na última que comprei, em 2020, veio com ele no vitral, arte do tour europeu Legacy of the Beast.

Cerveja de Malte Defumado

Antigamente, todas as cervejas tinham sabores e aromas defumados. Isso porque os maltes de cevada, usados na fabricação da cerveja, eram secos através de fogo direto e toda a fumaça impregnava nos grãos.

Com o avanço da tecnologia, esse método parou de ser utilizado e o sabor defumado deixou de ser uma característica. Porém, algumas poucas cervejarias no sul da Alemanha, na cidade de Bamberg, continuaram produzindo da maneira tradicional.

É o caso da Aecht Schlenkerla Rauchbier Märzen, que apresenta notas de madeira, fumaça, embutidos e, acredite, que lembram bacon. Mas não se assuste, ela é uma delícia e foi uma das primeiras cervejas diferentes que eu provei e que me trouxe para o mundo da cerveja artesanal. 

Recomendo acompanhar com um belo joelho de porco (como na foto), embutidos, feijoada ou até mesmo enquanto fuma um charuto. Prost!

A Cerveja Belga da Cidade Medieval Bruges

Para nossa alegria, rótulos de cervejas belgas chegam por aqui. É o caso da Brugse Zot Blond, da centenária De Halve Maan, localizada na cidade medieval de Bruges. A arte do rótulo é o bobo da corte, que representa a população da cidade.

O Blond é um estilo clássico belga que considero de entrada, pela leveza, apresentando notas frutadas, dulçor, leve amargor e teor alcoólico um pouco mais elevado (6%). Perfeita para acompanhar ostras, embutidos ou queijos. Um estilo que na maioria das vezes agrada a todos.

Conheci essa cerveja em um empório, há 4 anos, e a qualidade e história dela me encantaram. Tanto que no mesmo ano viajei a Bruges para conhecer a cervejaria. Lá foi construído um “cervejoduto” para passar a cerveja da fábrica até a planta engarrafadora por debaixo da terra. Dessa forma, evitam a circulação de 500 caminhões por ano, o que poderia danificar as ruas de paralelepípedo da cidade.

Cerveja Trapista Holandesa Feita por Monges

É sempre difícil escolher uma única cerveja como a favorita. São tantos estilos e rótulos disponíveis que ela acaba mudando periodicamente. Mas existem rótulos que possuem lugar cativo no nosso coração, e na nossa geladeira, e uma delas é a famosa La Trappe Dubbel.

Ela é uma cerveja trapista Holandesa, lançada em 1980, que tem 7% de teor alcoólico. Possui notas frutadas, sabor caramelado, com tostado médio e notas que lembram chocolate e baunilha. É uma cerveja excelente para harmonizar com carnes, embutidos, churrasco e queijos com médio dulçor e não muito gordurosos.

A produção das cervejas La Trappe é feita dentro dos muros da Abadia Koningshoeven. Quem quiser fazer uma visita para conhecer de perto essa excelente cerveja, os demais rótulos, provar queijos feitos pelos monges trapistas e muito mais, é só conferir nossas dicas no Maria Cevada.

Essa Cerveja é o Verdadeiro Diabo

A cerveja belga Duvel é a minha favorita. Mesmo sendo uma cerveja premium Belga, você encontra esse rótulo à venda em boa parte dos supermercados, e-commerces e lojas especializadas. Além disso, frequentemente você consegue comprar em promoções, o que a torna ainda mais interessante.

O nome Duvel (que, em português, significa Diabo) se deve graças aos comentários a respeito de sua graduação alcoólica elevada, diferente de todas as cervejas especiais que já haviam sido feitas até então. Por isso foi batizada como “o verdadeiro diabo”.

A Duvel é uma Belgian Strong Golden Ale, com 8,5% de teor alcoólico, cor dourada brilhante, espuma branca abundante e bem formada, e amargor médio-alto.

No aroma, mel e frutas amarelas são marcantes e intensos. Na boca, os aromas são complementados por um dulçor leve e agradável, além de carbonatação elevada. Tudo isso faz da Duvel uma cerveja incrivelmente boa de beber e inesquecível!

Cerveja de Guarda de uma das Séries mais Antigas do Mundo

A série de cervejas Fuller's Vintage Ale é uma das mais antigas do mundo, tendo início em 1997. A cada ano, a cervejaria elabora uma receita diferente com as melhores matérias-primas, sendo sempre complexa e potente. São consideradas cervejas de guarda pois seus aromas e sabores se tornam mais complexos com o tempo. E por isso são tão interessantes. 

Além disso, as cervejas são limitadas, refermentadas nas garrafas, numeradas e embaladas à mão. A edição 2018 é uma homenagem às matérias-primas locais, usando o malte Maris Otter e o lúpulo Olicana. Lúpulos ingleses normalmente são herbáceos e terrosos, mas esse lembra frutas cítricas e tropicais, trazendo ainda mais complexidade para a cerveja. 

Seus aromas e sabores lembram maracujá, toranja, manga, frutas secas, como uvas passas, além de maltes tostados, como caramelo e toffee. Na boca, tem dulçor médio e amargor médio-leve, corpo elevado e o álcool potente. No aftertaste, também é possível sentir leve toque herbal, condimentado e terroso típico de lúpulos ingleses. 

Uma cerveja para beber com calma, apreciando todos os pequenos detalhes de sua complexidade. Fantástica!