Para falar sobre cachaça - o destilado brasileiro, é importante abrirmos a cabeça. Primeiro, para os que ainda não tinham refletido sobre, vale enfatizar que cachaça também é cultura. Segundo, é preciso saber que o Brasil produz cachaças excelentes!
Em todo território brasileiro, são mais de 4 mil marcas devidamente registradas. Cada região do país tem uma tipicidade, ou seja, para cada região temos perfis sensoriais bem peculiares. Fora, obviamente, a personalidade de cada produtor.
Levando tudo isso em consideração, por que não desfrutar dessas nuances testando novos sabores? Por que não desbravar o Brasil por meio do seu destilado? Este artigo tem a missão de aproximar apreciadores de bons destilados, apresentar a cachaça para novos aspirantes e também desmistificar alguns mitos sobre a cachaça. Além, é claro, de enaltecer a nossa cultura!
Nesta lista eu apresento 8 cachaças de alambique (que não são de produção industrial), produzidas com excelentes critérios de qualidade! Conheça um pouco sobre cada uma das marcas, entenda porque elas merecem destaque nesta lista e saiba como usufruir de cada gole!
R$ 73,45
Paraty, com todo seu patrimônio histórico, é também berço importantíssimo da história da cachaça. Por isso, não podia deixar de recomendar uma das cachaças da região. A cachaça Coqueiro (que você também vê na foto de destaque deste artigo) é uma das marcas mais conhecidas no polo turístico de Paraty. Seu alambique é um dos 3 mais visitados na região.
Uma das características bem conhecidas da cachaça paratiense é o toque mineral no paladar. No caso da Coqueiro, que é armazenada em tonel de madeira amendoim, soma-se essa característica mineral ao herbal da madeira e à maciez pelo tempo de repouso.
Esta, em especial, eu gosto muito em caipirinha (a clássica, com limão, açúcar, cachaça e gelo) ou com água com gás.
R$ 81,00
A cachaça Da Quinta Carvalho, produzida na região serrana do Rio de Janeiro, é uma cachaça muito sofisticada. Ela segue rigorosamente critérios de produção de altíssima qualidade e tem selo de certificação orgânica. Armazenada em tonéis de carvalho de 200 litros por cerca de 20 meses, possui notas amadeiradas, com um toque de baunilha e especiarias, mas tudo muito delicado.
Indicada a paladares mais exigentes, eu gosto muito de degustar esta cachaça pura ou em misturas mais "classudas", com um bom vermute seco ou até mesmo com um toque de licor de ervas finas. Essas combinações quebram apenas a percepção alcoólica e mantêm a expressividade da cachaça armazenada no carvalho.
R$ 50,00
O termo Bruta pode qualificar muitas coisas, certo? Porém, quando se refere à cachaça, estamos falando de um estilo, um perfil técnico. O termo é utilizado para o destilado da fermentação do caldo da cana-de-açúcar sem passar por nenhum tipo de repouso (seja inox ou dorna/tonel de madeira) e sem correção de volume alcoólico. É o verdadeiro néctar da cana.
Este perfil de destilado não é recomendado para amadores. Ele tem uma grande percepção alcoólica que causa estranhamento, principalmente a quem não costuma tomar destilados puros. É indicado a paladares mais exigentes e com certa bagagem quando o assunto é cachaça.
Esta bruta vem lá do sertão mineiro. Faria Lemos é o município. Uma cachaça com aroma bem marcante de cana, toque herbal e frescor que remete à água de coco e à fruta cítrica. Indicada para desfrutar pura, com água com gás ou apenas com uma pedra de gelo.
R$ 59,00
Esta mineirinha ganha o coração de quem a ela se aventura. Elegante e jovial, a cachaça Tiê armazenada em carvalho, ou Tiê Ouro, traz o estilo das cachaças mineiras somado ao novo - em se tratando de produção de cachaça.
O período na madeira deixa a bebida mais mansa (balanceia a acidez do destilado e diminui o punch alcoólico) e também mantém os aromas de cana fresca. É cachaça para misturar com facilidade com água tônica, ginger ale e combinações com frutas vermelhas ou amarelas. Obviamente, uma excelente cachaça para (como diria Henry Bates) "abrideira".
Tenho muita facilidade de misturar com a Tiê Ouro, principalmente variando caipirinhas com especiarias. Vai fácil com sucos (uma parte de Tiê Ouro e duas partes de suco) - abacaxi, maracujá, tangerina e couve com gengibre.
R$ 79,90
Desbravar Minas Gerais é um caminho sem volta. De certo, tem que haver uma imersão no universo da cachaça. Então, continuando nesse universo, vamos falar desta marca que transita entre inovação e estilo clássico, a começar pelo rótulo. Gosto da apresentação da garrafa, cheia de personalidade!
O líquido expressa o que uma boa cachaça deve ter: cheiro fresco, cheiro de cana-de-açúcar. Cachaça tem cheiro de cana, ponto. Depois disso, vêm as características de cada produtor, região, e tecnologia empregada.
A Porto do Vianna prata é excelente para caipirinha e para coquetéis highball (destilado + agente não alcoólico servido em copo longo). É uma boa cachaça para iniciar no mundo das "branquinhas".
R$ 79,00
Esta cachaça é muito especial, a começar pela madeira que é usada para o processo de envelhecimento. A jaqueira, por ser uma madeira muito resinosa, com aroma e sabor forte, demanda domínio técnico para se obter um bom líquido final. Por isso, tiro o chapéu para a Princesa Isabel envelhecida em jaqueira.
A destilaria produz outros rótulos de cachaça, também envelhecidas, e todas elas (inclusive a jaqueira) têm um diferencial espetacular. O destilado, ainda branco, fica um ano em dorna gigante de aço inox. Esse armazenamento ajuda a amaciar a cachaça, mas não interfere na cor ou no sabor.
Depois disso, ela fica mais um ano em tonel de jequitibá. Só depois ela vai para o tonel de jaqueira. É realmente um longo caminho para chegar às gôndolas dos supermercados. Mas o resultado final é espetacular. Aroma adocicado, anisado, mel... No paladar, uma explosão de notas herbais, adstringentes e final adocicado.
Uma cachaça indicada para abrideira e para quem está iniciando nesse mundo. É também grande facilitadora para coquetelaria, já que vem temperada da madeira. Uma curiosidade desta destilaria, que fica em Linhares (ES), é que os barris nos quais as cachaças envelhecem descansam ao som de música brasileira. É realmente uma destilaria incrível que recentemente recebeu ainda o selo de certificação orgânica.
R$ 52,00
A paulista da lista é ousada. O mestre cachaceiro tem uma pesquisa espetacular sobre processos de envelhecimento de destilados. Ele trouxe bastante disso para a destilaria em Ribeirão Preto e explora madeiras muito usadas para a produção de bourbon e whisky escocês também.
No entanto, escolhi a branca da marca para indicar aqui. Primeiramente, é importante frisar que toda cachaça nasce branca e o processo de envelhecimento confere muitas características para o néctar da cana-de-açúcar. Mas, se todo o processo da fermentação até a separação do álcool (destilação) não for cuidadoso, o envelhecimento só irá camuflar defeitos.
Justamente por isso vos convido a conhecer a cachaça cristal da destilaria Sebastiana antes de embarcar nos seus rótulos que passam por madeira. É uma cachaça de fácil combinação com frutas cítricas, não alcoólicos gaseificados, kombuchás e chás frescos.
R$ 65,99
Falar de cachaça envelhecida ou armazenada e não falar de amburana é um sacrilégio. Por isso, termino esta lista com a indicação de uma cachaça envelhecida nessa madeira. "Emburana", "imburana" ou "umburana", todos os nomes referem-se à mesma planta. A variação da vogal vai depender da região do país.
A madeira é icônica no cenário de produção de cachaça. Ela confere uma cor âmbar ao destilado e um aroma que remete a mel, canela e anis. Na boca, deixa um toque defumado e retrogosto que te leva a notas de castanha crua e de amêndoas. É realmente uma madeira muito rica. Tanto que é cobiçada por, praticamente, todos os produtores.
Enfim, temos aqui a cachaça gaúcha Weber Haus, em sua versão amburana. Indicada para bebedores experientes, que buscam desfrutar um momento sublime. Por ser de fácil adesão, pode também agradar a novos aspirantes da cachaça. Fácil pura, fica melhor ainda com ginger ale, água com gás ou sucos leves como abacaxi, limão e até mesmo melancia.
Além de tudo, ainda é uma cachaça orgânica. Produzida sobre rigoroso critério sem uso de elementos químicos, como adubos químicos ou agrotóxicos no canavial. Até mesmo os produtos de limpeza da estrutura da fábrica devem seguir as normas da fiscalização para ter o selo.
Como você deve ter reparado, temos cachaças com perfis técnico-sensoriais que equivalem a destilados importados, como bourbons, vodkas e tequilas, por exemplo. Porém, por vezes, a falta de referência cria um pequeno entrave para embarcar nessa viagem sensorial.
Espero que esta lista possa ajudá-lo a achar o seu traçado e valorizar ainda mais a nossa estimada cachaça. Você pode dar continuidade a essa prosa acompanhando o canal no Youtube Molhando a Palavra.
Quero aproveitar para agradecer ao fotógrafo Fernando Ctenas, responsável pela foto de destaque e perfil, e também pelas fotos das cachaças que você vê em destaque na maioria dos produtos indicados nesta lista.
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