Séries, Filmes e Livros Sobre Autismo: 10 Conteúdos para Entender o Espectro

Séries, Filmes e Livros Sobre Autismo: 10 Conteúdos para Entender o Espectro

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Thaís Cardoso
Mamãe Tagarela
  • DAVID SHORE
    The Good Doctor


    Thaís Cardoso

    O personagem principal da série The Good Doctor, Dr. Shaun Murphy, é autista e também têm síndrome de Savant, que o ajuda a memorizar vários livros de Medicina e, por isso, acaba por ser um excelente cirurgião. Porém, ele não tem um pingo de jeito para lidar com os pacientes e os colegas de trabalho (autistas geralmente não são bons com relacionamentos). 


    A série também mostra como é para um autista com hipersensibilidade tátil se relacionar de maneira íntima com a namorada. Não é só essa dificuldade que o Dr. Shaun passa. Ele sofreu muito na infância... Mas se eu contar tudo aqui acaba perdendo a graça.


    Eu me identifiquei bastante com o Dr. Shaun por dois motivos. O primeiro é o fato dele ver em imagens. Mas como eu vi essa série depois de ter lido o livro da Temple Grandin (dica deste livro adiante), essa foi só uma confirmação de que eu não era a única que enxergava as coisas assim. 

    O segundo motivo é porque ele tem hiperfoco em Medicina. Eu já tive hiperfoco em Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano. Quando estudei Anatomia na faculdade de Fisioterapia, conseguia memorizar com facilidade as milhares de partes do corpo humano, incluindo nomes de pequenos sulcos, e isso me ajudava a tirar notas altas.
  • ROBIA RASHID
    Atypical


    Thaís Cardoso

    Esta é outra série sobre autismo. Desta vez o personagem principal é um jovem adulto autista de 18 anos, Sam Gardner, cujo hiperfoco são pinguins da Antártica e tudo relacionado ao Polo Sul. 

    Ele passa por todas as dificuldades que qualquer adolescente passa, somadas às dificuldades sensoriais e sociais que qualquer autista está acostumado. Diversos temas são abordados pela ótica do protagonista, entre eles o relacionamento com seus familiares, com o melhor amigo e com a namorada. 

    A série também retrata alguns pensamentos repetitivos do Sam, suas dificuldades de ler situações sociais, fala sobre autoestima e mostra situações em que ele entra em crise. Porém, a série também retrata como ele é um jovem adulto em busca de sua independência.
  • CHUCK LORRE, BILL PRADY
    The Big Bang Theory


    Thaís Cardoso

    The Big Bang Theory não é uma série sobre autismo, mas o personagem principal, Sheldon Cooper, é um perfeito exemplo de autista adulto verbal grau 1 de suporte. Ele apresenta traços da tríade de Wing, que é a tríade do autismo. O primeiro traço é não saber como se comportar socialmente, como quando pede para a vizinha cantar uma música infantil para ele dormir. 

    Ao decorrer da série nós vemos mais desse comportamento “sem noção” dele, bem como as dificuldades que ele tem de lidar com situações sociais corriqueiras. Apesar de ele ter quatro grandes amigos e uma namorada, vemos a dificuldade de Sheldon para socializar com outras pessoas, principalmente aquelas que estão fora do seu círculo de amizade.

    O segundo traço é a dificuldade de comunicação. Sheldon é prolixo e sempre interrompe as outras pessoas com algo que julga ser mais importante. Ele também é extremamente direto e sincero, sendo muitas vezes taxado de grosseiro e inconveniente. Na comunicação receptiva, Sheldon não capta sarcasmo e tem dificuldade de compreender o ponto de vista do outro.

    O personagem também demonstra traços da terceira perna da tríade, com os seus comportamentos estereotipados. Ele gosta da rotina. Gosta tanto que tem até um cronograma para ir ao banheiro. Ele precisa sentar no mesmo lugar sempre, come sempre as mesmas comidas, dos mesmos restaurantes.

    O produtor da série negou por um tempo que Sheldon fosse autista, mas depois confirmou que o personagem foi baseado nele e então descobriu que também era autista. A namorada de Sheldon na série, Amy, também tem diversos traços de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que são por vezes extrapolados no enredo para adicionar humor. Afinal, é uma série de comédia.
  • CIAN O'CLERY
    Amor no Espectro


    Thaís Cardoso

    Esta é uma das minhas preferidas, porque mostra a vida real de pessoas que estão no espectro autista. No estilo reality show, Amor no Espectro é uma série que já tem duas temporadas. A ideia é mostrar relacionamentos que já existem entre autistas, mas também tentar juntar alguns casaizinhos. Alguns pares são formados ali mesmo, na frente das câmeras.

    A série é fofa, engraçada, divertida e leve de assistir. Ela mostra autismo real de grau 1 no dia a dia e as dificuldades de cada personagem. O interessante dessa série é ver que, apesar de termos algumas dificuldades em comum, nenhum autista é igual ao outro. 

    Fica fácil de enxergar o autismo em alguns participantes, mas em outros fica bem difícil de ver. Afinal de contas, o autismo não está na cara, e sim nos detalhes. 
  • ROBERT ZEMECKIS
    Forrest Gump


    Thaís Cardoso

    Apesar do protagonista de Forrest Gump não ter um diagnóstico, muitos autistas reconhecem o icônico personagem de Tom Hanks como sendo autista. Ao longo do filme, podemos ver diversas características do TEA nele. 

    Algumas dessas características são seus hiperfocos, como jogar tênis de mesa e correr; suas dificuldades de comunicação; dificuldades de se expressar e de entender certas nuances do contexto; dificuldades em interações sociais; pensamento literal; dificuldade de, por vezes, manter contato visual, além do seu comportamento socialmente não apropriado.

    Essas características proporcionam momentos marcantes na história de Forrest, como a famosa cena em que ele encontra o presidente. É um clássico moderno do cinema que vale a pena assistir de novo, sob outra ótica!
  • GERARDO OLIVARES
    Farol das Orcas


    Thaís Cardoso

    O filme Farol das Orcas foi baseado em uma história real. É uma linda história de amor entre uma mãe e um filho autista. Essa mãe vai para a Argentina atrás das baleias – hiperfoco do seu filho–, na tentativa de fazer com que ele se comunique. 


    A história se passa na Patagônia, um local pouco habitado de pessoas, mas muito bem habitado por baleias. Lá ela encontra um biólogo que acaba ajudando a criança a se comunicar com as baleias. 

    Indico esse filme para mães atípicas, porque ele mostra a luta e a paciência dessa mãe pelo desenvolvimento do seu filho. Algo vivido por muitas mães atípicas, pois não é incomum os homens abandonarem seus lares um tempo depois do diagnóstico de seus filhos. 

    Nós, mulheres, que estamos levando as nossas crianças em terapias a semana toda, fazendo adaptações na nossa casa, fazendo até mesmo adaptações na nossa vida, temos nesse filme um afago na alma. Ele nos mostra que não estamos sozinhas e que outras mães atípicas também estão nessa luta. Ainda mais porque o filme é baseado em uma história real.
  • MICK JACKSON
    Temple Grandin


    Thaís Cardoso

    Esse filme é a história real de uma autista, a Temple Grandin, em uma época em que o autismo ainda não era muito conhecido e divulgado. O filme mostra as dificuldades que ela enfrenta na vida por causa do autismo, mas também mostra suas conquistas. 


    O seu hiperfoco é o comportamento animal. Ela cresce em uma fazenda e se apaixona pelo gado. Por entender tão bem o comportamento dos bois, ela acaba revolucionando a indústria agropecuária nos Estados Unidos.


    Gosto desse filme porque ele mostra uma história de sucesso de uma menina autista. E é isso que nós, mães e pais de crianças atípicas, queremos. Queremos que os nossos filhos autistas tenham sucesso na vida.

    Muitas vezes essa rotina de terapias é cansativa e parece que não está surtindo efeito. Isso acontece porque leva um tempo para surtir efeito. E o filme nos mostra que é possível. É possível que nossos filhos autistas sejam felizes, é possível que tenham sucesso, desde que sejam guiados por nós, pais, por esse caminho.
  • TEMPLE GRANDIN, RICHARD PANEK
    O Cérebro Autista


    Thaís Cardoso

    Este livro foi escrito pela Temple Grandin (a mesma do filme que indiquei acima), com o Dr. Richard Panek, após uma série de exames que fizeram em seu cérebro, para entenderem as diferenças entre o cérebro autista e o cérebro neurotípico. 


    Foi nesse livro que eu identifiquei que eu penso por imagens, coisa que não acontece com todo mundo. Aliás, no final do livro há uma lista de profissões para quem tem cada tipo de pensamento: por imagens, por padrões etc.

    Para tentar explicar um pouco melhor, a minha cabeça funciona como um grande banco de imagens, assim como a própria Temple relata. Eu consigo fechar os meus olhos e voltar para a casa onde eu cresci e consigo enxergar cada detalhe nela. 

    Eu consigo "desconectar" os meus olhos – não necessariamente fechar os meus olhos, mas não usá-los por um tempo, para conseguir acessar o meu banco de imagens – e puxar a imagem do meu Sobotta (Atlas de Anatomia Humana), onde vejo todos os nomes de músculos e ligamentos. 

    Não posso falar por todos os autistas, porque como eu já disse, não existe um autista igual ao outro. Mas é assim que eu e muitos autistas pensam e lembram das coisas. Dizem que eu tenho uma excelente memória, deve ser por causa disso... Mas até ler esse livro, eu achava que todo mundo pensava desse jeito.
  • RUDY SIMONE
    Aspergirls


    Thaís Cardoso

    Li este livro quando estava buscando o meu diagnóstico. Antes dos meus filhos receberem o diagnóstico deles, eu tinha uma ideia totalmente equivocada do que é autismo. Eu só conhecia o autismo clássico, que víamos nos filmes antigos como Rain Man, onde o personagem é não verbal (grau 3) e depende totalmente do irmão. Mas não é bem assim. 

    O livro mostra como é a vida de diversas mulheres diagnosticadas autistas e as dificuldades que elas passaram ao longo da vida. Eu me identifiquei tanto que, quando eu terminei a leitura, já tinha certeza de que o meu diagnóstico sairia como autista. Não deu outra. 

    Indico para todas as mulheres adultas que desconfiam que possam estar no espectro.
  • NAOKI HIGASHIDA
    O Que me Faz Pular


    Thaís Cardoso

    Este livro foi escrito por um autista japonês, o Naoki Higashida. O autor é um autista não verbal, grau 3 de suporte – o que chamam por aí de autista clássico –, ou seja, autismo severo. 

    Naoki aprendeu a se comunicar através da escrita e foi assim que ele começou a contar o que sentia e o que pensava: escrevendo. No livro ele conta suas percepções da vida, da natureza, das pessoas etc.

    Esse livro é de uma leitura fácil e rápida, no formato de perguntas e respostas. Praticamente cada página é uma pergunta que ele responde. São perguntas como "É verdade que você detesta ser tocado?", ou "O que causa seus descontroles e ataques de pânico?", ou "Por que você nunca para quieto?", entre muitas outras perguntas interessantes. 

    Gosto deste livro porque ele nos ajuda a entender melhor como as nossas crianças autistas se sentem. Mas a importância desse livro vai além: ele nos mostra que o autista pode ser não verbal, mas também pode entender o que acontece à sua volta e pode se comunicar sem precisar falar.